Simplesmente “Chico Xavier”

10/05/2010 13:46

Cinema Nacional

Fonte: O texto abaixo foi escrito e publicado, com exclusividade

 para a Revista Seareiro (Nº 108 – Ano 18 – Março/Abril 2010)

 órgão de imprensa espírita da Seara Bendita – Instituição Espírita.

  

 

Simplesmente “Chico Xavier”

 

 

 

Por Sylvio Montenegro*

 

Conta a metáfora bíblica que Deus levou sete dias para criar o mundo. Jesus precisou de 33 anos de encarnação para resumir a ação do Amor em toda Criação. Francisco Cândido Xavier viveu encarnado por quase um século para exemplificar que a mensagem do Evangelho está ao alcance da prática de todos nós, “reles mortais”. O jornalista Marcel Souto Maior precisou de 270 páginas para contar a história de Chico, no livro “As vidas de Chico Xavier”. O cineasta Daniel Filho baseou-se nesse livro para fazer um filme de 125 minutos da mais pura emoção que um ser humano pode sentir em “Chico Xavier”. Eu tenho 500 palavras para falar o quanto me tocou assistir essa obra. Bom, agora só 379.

 

No último dia 24 de fevereiro, a reportagem do “Seareiro” esteve presente no lançamento para a imprensa do filme que estréia em rede nacional em 2 de abril, data que marca o centenário de nascimento do médium . Éramos o único órgão espírita de comunicação na sala de projeção. Durante a exibição, sentíamos no ar a emoção dos demais colegas jornalistas dos órgãos não-espíritas. É a prova de que essa não é uma história restrita aos adeptos da Doutrina dos Espíritos. Quem tem uma alma em evolução, fica realmente tocado.

 

“Chico Xavier” retrata o maior médium da história do Espiritismo moderno com respeito e exatidão. Os “causos” relatados tendo como pano de fundo a famosa participação de Chico no programa de entrevistas “Pinga-Fogo” (1971), da extinta TV Tupi, não são, necessariamente, nenhuma novidade para quem já estuda o Espiritismo. No entanto, são uma forma de nos colocarmos muito próximos desse médium que, com certeza, de uma forma ou de outra, mudou a vida de cada um de nós.

 

Entre os 135 atores que participam da produção, difícil destacar alguém. A impressão é que, além de Daniel Filho em fantástica direção no plano físico, cada um teve uma “direção particular e meticulosa” do plano espiritual. Uma impressão que, com certeza, é real. Para ficar apenas no personagem principal, o menino Matheus Costa vive a infância (1918/1922) de um Chico Xavier ainda que quase desconhecido, apesar de histórias bem conhecidas. Ele, Matheus, mostra um Chico atormentado, mas feliz. Uma criança como qualquer outra, apesar de sua singularidade. O menino Chico é encantador.

 

Já Ângelo Antônio retrata o período entre 1931 e 1959 (dos 21 aos 49 anos). É excepcional. Passa ao espectador não só a paz de Chico, como a força de quem luta por suas convicções com amor e respeito ao próximo, apesar de todas e quaisquer diferenças. Nelson Xavier vive o médium já em sua fase de “consagração”, quando, inclusive, chegou a ser indicado para o Nobel da Paz. Entre os anos de 1969 e 1975, Nelson vive plenamente um Chico missionário. Na missão de divulgar os preceitos de Jesus, com a luz dos ensinamentos dos Espíritos. É uma atuação marcante. O Chico está ali.

 

As 500 palavras estão acabando e ainda não falei de um defeito que seja, apesar da função, aqui, ser de um “crítico”. Ah!!! Na história do pânico que Chico viveu (repreendido por seu mentor Emmanuel) durante a turbulência em um avião da VASP, o filme mostra um logotipo da empresa que só seria criado na década seguinte. Eu sei. Trabalhava lá.

 

E tirando a brincadeira, se prepare para ver um filme, literalmente, do começo ao fim. Você não desgrudará o olhar nem quando os letreiros subirem... E tudo numa grande prece de amor e alegria. (Estourei o texto. Que Emmanuel me perdoe a falta de disciplina!!! Assim seja.)

 

*Sylvio Montenegro é jornalista profissional

e trabalhador da Seara há 30 anos