“Literatura Negro-Brasileira”

20/08/2010 18:05

“Literatura Negro-Brasileira”

do escritor e pesquisador Cuti é o novo livro da Selo Negro

 

 

Com o avanço das lutas contra o racismo, nas últimas décadas do século XX, os negros começaram a se tornar protagonistas das suas obras. Usando a palavra como forma de resistência, diversos escritores e poetas criaram uma produção diferenciada, com nuanças específicas, baseadas nos elementos culturais de origem africana e no resgate da dignidade. No livro Literatura negro-brasileira, quarto volume da Coleção Consciência em Debate, lançamento da Selo Negro Edições, o escritor e pesquisador Cuti, Clique aqui e saiba mais sobre este livropseudônimo de Luiz Silva, analisa a participação do negro, como personagem, autor e leitor, na literatura brasileira.

Escritor profícuo e grande pesquisador, Cuti destaca os precursores e a nova geração dessa corrente – que alcançou um patamar significativo com os trinta anos de edição ininterrupta dos Cadernos Negros, coletânea anual de poemas e contos. “A literatura é alimento para o nosso imaginário, que se move o tempo todo, recebendo, produzindo e reproduzindo ideias, palavras, frases, imagens sobre o que somos como pessoa e povo”, revela o autor. Para ele, as palavras carregadas de emoções nutrem a dimensão interna de nosso ser. “Nossas relações inter-raciais também são mediadas pelo texto não referencial”, complementa. A obra cumpre, nessa dinâmica, o papel de trazer um deslocamento de perspectiva na superfície e na profundidade do texto ficcional e poético, estabelecendo uma formação discursiva dissonante no contexto hegemônico da ideologia racista que ainda vigora nos meios de comunicação brasileiros.

Dividido em doze capítulos, o livro mostra como escrevem os descendentes daqueles que, durante séculos, foram proibidos de escrever, qual o conteúdo que privilegiam na expressão literária e quais os contrapontos que realizam na literatura nacional. “A obra é um mergulho nesses meandros e um convite para mais uma redescoberta do Brasil que rompe a mordaça”, afirma Cuti. Nela, o autor prova que a literatura negro-brasileira, do sussurro ao grito, vem buscando recursos formais próprios e sugerindo a necessidade de mudança de paradigmas estético-ideológicos.

Segundo Cuti, a literatura precisa de forte antídoto contra o racismo nela entranhado. Os autores nacionais, diz ele, principalmente os negro--brasileiros, lançaram-se a esse empenho, não por ouvir dizer, mas por sentir, por terem experimentado a discriminação em seu aprendizado. Ao longo da obra, ele fala sobre os precursores, destacando que Luiz Gama, Cruz e Sousa e Lima Barreto foram solitários, em especial no empenho de sua afirmação racial ou crítica ao racismo. No capítulo em que aborda os elos de gerações, por exemplo, revela que a literatura negro-brasileira passou a contar, a partir das primeiras décadas do século XX, com o início de uma vida literária negra nas associações culturais de caráter reivindicatório. E traça o perfil de autores que constituem esse grupo como Abdias Nascimento, Solano Trindade e Carlos de Assumpção, entre outros.

 

Para saber mais sobre o livro, acesse: Grupo Summus

 

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