Jardim das Folhas Sagradas

31/08/2010 19:15

Jardim das Folhas Sagradas narra uma história envolvente, capaz de atrair e prender a atenção do público, pela riqueza da linguagem e da trama, construídas com elementos de humor, suspense, aventura, intriga política, romance, lenda, magia, mistério e drama. Propõe, por outro lado, a reflexão crítica sobre a história e o presente da cidade do Salvador.


Em diversas dimensões da sociedade local, o candomblé responde por considerável parcela do amálgama cultural da capital baiana. Sendo a Bahia o lugar onde a diáspora africana manteve mais acesas as práticas religiosas originais, a abordagem da vida da cidade do ponto de vista do povo-de-santo é, assim, repleta de significados e de importância.

O fio que tece a trama é o enfrentamento entre o candomblé - tradicional religião afro-brasileira ritualmente vinculada à natureza - e a expansão imobiliária, um dos fenômenos decorrentes do crescimento e da modernização de Salvador. A dimensão ecológica do candomblé se revela na necessidade de espaço e ambientes naturais adequados para sua liturgia. Historicamente, os terreiros dispunham deste estoque de natureza, ocupando os arrabaldes da cidade, áreas isoladas alcançadas depois pela expansão urbana. A escassez desses elementos desafia, hoje, a criatividade dos terreiros de Salvador. Kosí euê kosí orixá (“sem folha não há orixá”), ecoa o provérbio iorubá, enfatizando o efeito deletério da redução de espaços verdes e da degradação de reservas naturais.

       

A intensificação da ocupação do solo urbano de Salvador alterou profundamente a dinâmica dos terreiros e de suas comunidades, impondo-lhes crescentes restrições espaciais, em situações que obrigam a adaptações e diferentes saídas: a luta para consolidar posições e territórios, a transferência para áreas mais periféricas ou a mera extinção. Tal contexto delineia o cenário em que o ex-bancário Bonfim - filho de uma yalorixá e de um jornalista de esquerda - persegue o objetivo de criar o “Jardim das Folhas Sagradas”. Neste intento, experimentará o sabor do amor e do desprezo, da amizade e da traição, compartilhando, com o espectador, o aprendizado do uso da força e da sabedoria ancestral do candomblé para a superação dos obstáculos construídos pelas contradições e conflitos da modernidade.

 

 

 

Intriga política, romance, magia, mistério e drama.

Bonfim, filho de uma yalorixá, é um negro baiano, casado, funcionário de um banco.  Aos 40 anos recebe um aviso através dos búzios de que precisa assumir abrir um terreiro de candomblé. Ele segue seu destino, mas vê sua vida virada pelo avesso. Enfrenta dificuldades na busca de um lugar próprio para a criação do terreiro na cidade tomada por prédios e avenidas. Afastado das tradições da religião, questiona fundamentos como o sacrifîcio, o que lhe traz  graves consequências. O filme mostra um pouco das contradições de Salvador entre o tradicional e o moderno,  os limites entre a herança do conhecimento espiritual e o mundo tecnológico. As lições do candomblé na preservação e convívio com  a natureza. Assista ao trailer.